Saudade de Infância





Tô matando a saudade
Saudade de um abraço, de um carinho de vó
Saudade da fogueira na porta de casa
Saudade de um céu infinitamente estrelado
Clareando o brêu do sertão
Saudade do pé no chão, do feijão, do leitão
Saudade do sopro do vento no mato
das pessoas passando na estrada
Saudade da inocência da infância e adolescência
Agora sinto um cheiro de pequi... hummmm
Saudade das roseiras do quintal
do som da máquina de costura, do perfume das flores
Saudade do leite in natura 
Do café com a doçura que cura qualquer amargura
Saudade do terreiro batido no chão
Saudade de ver o sol se pôr da soleira do porta
Saudade das manhãs sem pão
Com muita chiringa, chimango e requeijão
Saudade dos namoricos no portão
Saudade de um tempo de alegria e diversão
Saudade do som da sanfona, das festas do sertão 
Viva São João!!!
Êêêêê Saudade!

Doce vida



Quando acordo e vejo no ar
Uma poesia que me espera
Me alegro com a inspiração
Da respiração do botão em flor
Do clarear de uma cor
De um gesto a soprar carinho
Num ninho repleto de Amor.

Quando ouço a alegria dos ben-te-vis 
A cantar em meu varal, vejo risos, vejo festa, 
Vejo o tempo que desperta azulando uma orquestra, 
Entre rosas e outras ervas,
Garrinchinhas no quintal.

E, assim, me ponho a pensar: ora, deixe de tulice,
Não se deixe amedrontar por pensamentos maldosos
Que só vão te derrubar. Pense grande, pense alto
Pense no Sol que sem nada cobrar, vem todo santo dia
Tua vida clarear e ainda traz consigo
Lavadeiras, beija-flor e sabiás.

[RosA.]

Lápis de Cor

Sinto cores que pulsam o pensar
Degusto verde que primavera juventude
Respiro vermelho que combusta emoção
Falo laranja equilibrando a criatividade
Vejo rosa, misterioso campo em flor
Mergulho azul marítimo, harmonia confidente
Toco preto, revolto memórias inconscientes
Ouço branco, simplicidade e paz conquistando deserticos corações
Percebo amarelo solar, luz, água e ar.

Eu



Eu falo...
Argumento!
Me calo.
Silêncio!
E soa o tempo
Presente!

Se quero...
Faço!
No ato,
Desato!
O avesso que vejo
À frente.

Se amo,
Entrego!
Não nego,
Sorriso
Gotinha d'água
Fluem de mim.

Se tenho
Não largo
Mantenho
Por perto
Carinho,
De certo
Quero ganhar

Voando
Eu sigo
Assim, não consigo
D'outro jeito viver
Se não
De Alegria
De Amor
E de Riso.

RosA.


                                                                                                                                                                                                                                                                       
                                                                                                     

Gira Sol



Mais um dia chega tímido
E posso sentir delicado Sol que aquece
Luz, fonte de vida
Transcorre em giro d'oce
Da fresta da janela salivo os raios
Num íntimo instante penso,
Gosto de Amor!
Abro a janela
Vejo Rosa que primavera jardim de belas flores
Perfume!
Em ávido viver quero estar
Minh'alma corre pelas veias
Pulsando sons, cores, Luz
Jeitim de falar, dócil
Girassol alegra a menina

E o Sol, astro Rei, lá está
À Rosa, iluminar
Ao Girassol, orientar
Há tudo, claro[e]ar.

RosA.

Rosa pro Jardim



Ontem visitei um belo Jardim
As flores de um perfume singular
Nem puder sentir
As toquei, vibravam em abraço quente
Exalavam suas cores intensas
Bailavam ao sopro do vento
Leve, soavam brilho que se ouvia en[canto]

Eram muitas
Muitas flores brancas, amarelas
Azuis em tom celestial
De uma pureza, claridade
Simplicidade sem igual

Passeando por entre as flores
Admirei ao concluir
Pensamento furtivo me fizera refletir:
E as Rosas? Donde estão as Rosas do Jardim?

E assim pensando, passeando
Uma sementinha resolvi plantar
Cultivar, Cativar
Pra quem sabe um dia
Neste Jardim tão belo venha florar
Rosa, Amor real
Mistério de grandeza sem igual
Flores e Rosas a se encontrar.

RosA.

Desvendando Amor



O Amor não seria amor se não fosse a dor
Que o compõe em contraste, contralto
Contratempo, contra o vento que balança a flor.

E o Amor em sua canção contrária
Nada tem da dor
Que como serva, serve com ardor
A nos lembrar que existe o Amor.

E nesta humilde condição de conhecer o Amor
Às vezes, sinto dor
Que invade minh'alma
Corrói sem pudor.

E na bagunça de meu coração
Entre versos e canção
Desvendando Amor.

RosA.

Amigo é Casa

Amigo é feito casa que se faz aos poucos

e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger.

(...)

Amigo que é amigo quando quer estar presente

faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.

[Por Zélia Ducan]

Mistura



Entrelaçados num desejo inconfundível
Em rima de compasso inestimável
Salivando saudosos momentos
Experimentando presente que começo a ganhar
O passado nem demorou a passar
Pois intenções não haviam
Agora há, mistura

Razão que o confunde de minhas emoções afloradas
Medo que o abduz de meu canto persuasivo
Dor que lhe tira o sono de meus sonhos flutuantes

Renda-se! Vamos tentar!
Outras misturas inusitadas
[Chiclete com Banana, Chocolate com Pimenta, Queijo com Goiabada]
Deram certo
A nossa também há de dar
Vamos nos Misturar.

RosA.